Aprender a desenhar por si só já é recheado de curiosidades, mas desenhar personagens de anime e mangá abre espaço para observações muito curiosas. E é sobre elas que vamos tratar!
Todo mundo sabe que anime e mangá é um produto derivado de um jeito peculiar dos japoneses desenhar e contar suas histórias através das animações e quadrinhos. O que muitos talvez não tenham se dado conta, ou não tenham prestado mais atenção ao desenhar neste tipo de traço, é o que vou revelar a seguir, através de algumas curiosidades, por isso, se liga no que vem a seguir neste post, pois vou compartilhar tudo com você.
1) A expressividade é um atributo forte
Há quem diga que uma das primeiras características que o fez apaixonar-se pelo mangá e até mesmo anime, é a sua expressividade. Ainda que não seja uma qualidade que desprenda-se fartamente da mão de todo artista de mangá, não deixa de passar desapercebida, pois o traço tende a ser diferente por seu destaque a partes específicas da anatomia dos personagens e seus adereços, que na sua gênese já vem ditando um modo expressivo de desenhar. Isso cada artista faz isso do seu jeito, como: aumentar o tamanho dos olhos; criar deformações que intensificam determinados efeitos na expressão facial e corporal; inserir elementos fantasiosos e surreais; explorar extremos que variam do fofo ao horripilante, variar a forma do traço, etc.
2) Você pode se chocar com algumas incoerências e distorções
Como mencionamos anteriormente, há distorções no mangá que fogem a lógica realista. Mas claro, por se tratar de um desenho, o autor faz o que ele quer. Quem vê a primeira vez pode se surpreender porque ainda que o mangá ou anime seja uma representação humana, ele possui nuances em suas expressões que vão muito além dos limites realistas, um detalhe que pode chocar um público desavisado. Mas isso não é uma crítica, apenas uma observação, pois é isso que atrai um grande número de entusiastas.
3) Você se acostuma com as estilizações
Após conferir desenhos e mais desenhos do tipo você vai se acostumando com personagens com características diferentes das que você está acostumado. Aquilo que no início você via como diferente e esquisito, passa a fazer parte do normal e até aquilo que é novidade acaba se tornando muito legal, dependendo é claro se esta ideia for interessante para a maioria das pessoas. Veja que a estética de personagens que utilizam oito, nove ou até mais cabeças de altura (no estudo e proporção de anatomia a cabeça é uma unidade de medida), cria uma distorção que causa certa imponência em personagens, muito boa para se criar personagens fantásticos e heroicos.
4) São tantas variações no estilo que fica difícil captar o traço
Ainda que o mangá seja fácil de copiar para uns, captar o traço não é tão fácil assim. Como se não bastasse entender as distorções e representações mais usadas pelos artistas japoneses, existem variações que escapam do padrão, mas que podem confundir você ao criar o seu próprio traço. De fato o mangá não é um estilo, mas chegou pra nós como sendo, e é por isso que tentar criar uma identidade dentro desse universo não é tão fácil quanto parece, pois você pode cometer erros ou representar bizarrices, e o pior, por mais que as pessoas não entendam de desenho, elas conseguem perceber que não está legal, ou que é um traço “abrasileirado”, que não representou bem um traço japonês.
5) Enquanto alguns adoram, outros odeiam
Quem diria que aquilo que incomoda uns, é aquilo que outros adoram. Você vai ver uma crescente no público que gosta dos desenhos japoneses, isso é um fato que constamos facilmente em uma busca online e até em dados divulgados pelos que estudam o assunto; mas, você vai ver que muitos detestam o traço por algumas razões conhecidas, como as distorções que fogem do realista, das proporções exageradas ou reprimidas, e de serem tão esquisitos para quem acostumou com representações mais alinhadas com a nossa realidade.
6) A história pode fazer você se acostumar ou gostar de um traço
Ainda que você não goste de um determinado traço de um desenho japonês, existe a possibilidade da história lhe cativar a ponto de fazer você se acostumar com o traço, é muito sutil. No início você vê o desenho com certa repulsa, mas um pouco da história é suficiente para lhe prender por algum tempo, ou até mesmo porque seu amigo lhe recomendou conferir, dar uma chance ao título. O fato é que, se a história é boa, você vai conferindo, conferindo, até que o desenho já não é mais motivo para reprovação, ou até mesmo pode despertar uma paixão que lhe faça gostar daquilo que você julgava desproporcional, torto, esquisito.
7) O traço está em constante transformação
Como foi dito anteriormente sobre a variação no estilo, traço; a verdade é que isso se dá em grande parte pela contínua transformação do traço mainstream, que é não só uma influencia mas também lapidado pelas novas gerações de desenhistas. Caso você confira alguns mangás e animes mais antigos, verá que a transformação é algo natural, até porque o traço dos diferentes desenhistas sempre adiciona ou remove algo do que as pessoas estão acostumadas.
8) As incoerências e distorções fazem escola
Quem é desenhista e se inspira em um desenhista, provavelmente vai querer imitar alguma coisa do artista em questão. E aprender a desenhar é como a vida, sem perceber imitamos não só as qualidades como os erros de nossa fonte de inspiração, a não ser que você esteja preparado para reconhecer onde realmente há um erro; ou seja, o fanatismo pode lhe cegar.
Daí você me pergunta… Mas as distorções, são um erro? De fato algumas fogem a lógica do realista, mas mangá ou anime não são realistas, visam a fantasia, e por isso lá pode tudo; mas, de fato estar aberto a tudo é abrir margem para julgamentos. Sendo assim ainda que copiemos as distorções, é preciso saber o que se está fazendo, se não quiser entrar em uma lista negra, ou até onde você está disposto a ousar e aceitar críticas.
9) Você pode ficar condicionado a desenhar alguns estereótipos corporais
O que foi dito anteriormente sobre imitar, ou sobre inspiração, tem um lado bom, assim como um lado que demanda atenção. Se gostamos de um traço específico, tende a indicar que temos uma preferência, esta última que inclusive pode se tornar um padrão em nossa forma de desenhar, e consequentemente uma limitação, caso não estejamos antenados nisso. Alguns artistas tendem a desenhar personagens parrudos, outros mais magros, alguns comumente atléticos, outros obesos, etc. Um bom exercício é estudar diferentes padrões, e até mesmo a anatomia acadêmica do desenho, para ter consciência de onde realmente provém as estilizações dos artistas.
10) Um bom traço atrai admiradores, mas não é tudo
Seu traço pode ser “super”, “mega”, “over”, “power”, mas se não tiver expressividade e coerência com a composição, ou mensagem que quer passar, poder perder muitos pontos com quem observa a sua arte. Isso quer dizer que, desenhar não é tudo, seu desenho precisa contar algo, ainda que seja apenas uma ilustração. Quem já leu alguma obra do quadrinista americano Scott McLoud (neste post falamos de suas obras) já deve ter visto que o autor ressalta que um quadrinho conquista o público mais pelo conteúdo do que o próprio desenho, ainda que este último seja importante, até porque ainda que o desenho chame a atenção inicialmente, quem fideliza o público é seu conteúdo.
Enfim, estas são algumas curiosidades. Mas, você, tem alguma curiosidade interessante e que gostaria de expor? Aproveite este post e comente a sua experiência!