É fato de que há dificuldades do ofício que o desenhista custa superar, ainda que elas apareçam eventualmente. Mas, quais são elas? São muitas evidentemente, mas hoje vamos citar 10 delas, confira!
1 – Perceber um ou mais erros no desenho somente ao retomá-lo mais tarde
Parece bruxaria, mas mesmo que você desenhe muito bem, há erros que se tornam evidentes somente em um segundo contato com o desenho, principalmente no dia seguinte. O curioso é que Leonardo da Vinci inclusive já destacou uma dificuldade parecida em seu bloco de notas:
“Não contente com apenas um artifício para avaliar o próprio trabalho de forma objetiva. É recomendável também sair de vez em quando e relaxar um pouco; porque quando você volta ao trabalho sua capacidade de julgar será maior, pois o contato contínuo com o trabalho faz com que você perca a capacidade de julgá-lo.”
2 – Errar o desenho do segundo olho
Isso tem uma principal causa, evidentemente (falta de aplicação e treinamento da visão periférica); entretanto, mesmo que você saiba disso, vai continuar cometendo esse erro esporadicamente, pois é um desenvolvimento específico. É difícil mesmo. O que vai mudar com o tempo é a frequência que isso ocorre.
3 – Lidar com pessoas que desvalorizam o ofício desenhista
O trabalho sensível dos artistas em geral, tende a ser desvalorizado pelas mentes mais pragmáticas e mal informadas, e é por isso que o trabalho do desenhista eventualmente sofrerá algum tipo de desvalorização, de modo que alguns queiram que você venda uma caricatura, um retrato ou qualquer outro desenho a preço de banana! O mais curioso é que isso ocorre até mesmo com quem já está há um bom tempo trabalhando com desenho. Muitos desenhistas não tem paciência e perdem logo a cordialidade com pessoas desse tipo; outros simplesmente desistem do ofício para não lidar com isso. Esse é um dos motivos que torna o ofício desenhista restrito a um seleto grupo; afinal, não são todos que tem paciência com tal entrave, ainda que desenhem incrivelmente bem.
4 – Conflito com pedidos de desenho de graça
Como se não bastasse desvalorizar o ofício desenhista, tem pessoas querendo mesmo é desenho de graça! O fato é que algumas pessoas ainda não entenderam que desenhar demanda esforço, ou tão pouco consideram a atividade como uma profissão, e é por isso que você encontrará muitos pedindo um desenho de graça. Essa realidade é bem pior que a anterior, evidentemente, mas se o desenhista quer viver de desenho, terá de se preparar para ouvir alguns pedidos desse tipo, esquivando-se da melhor forma dessa turma folgada.
5 – Depressão
Caso você seja uma pessoa suscetível ao que as pessoas dizem mas pretenda viver de desenho, terá de desenvolver alguns escudos contra essa turma que desvaloriza o ofício, porque você vai ouvir de tudo. E se você for uma pessoa ambiciosa que pretende arriscar na profissão desenhista, pense muito bem em um bom plano, pois a desvalorização do ofício desenhista ainda é algo forte e que demanda muito jogo de cintura para obter boas cifras e bons resultados; sem isso, você vai correr muitos riscos neste ofício, e consequentemente até ficar depressivo. Sendo assim, digo que o ofício desenhista demanda uma boa preparação, não é para qualquer um.
Para se ter uma ideia, a depressão, segundo os dados do ano retrasado da OMS, atinge cerca de 5,8% da população brasileira, o maior da América Latina! E não é a toa que está ficando comum encontrar desenhistas com depressão, uma barra difícil de superar, mas que não é impossível, como eu mesmo abordo no vídeo que postei há algum tempo em nosso canal no Youtube.
Vale salientar ainda que, a depressão não surge repentinamente, ela se instala aos poucos, ganhando grau à medida que alguns fatores vão contribuindo, como foi destacado no vídeo que citei acima. Não quero dizer que viver de desenho seja impossível, mas é preciso muito cuidado para se preparar para as batalhas que vão aparecendo nessa carreira, só quem está nela sabe como é.
6 – Autocrítica destrutiva
É certo que ao longo do aprendizado do desenhista, haja erros e acertos, ocorrendo eventualmente do praticante tentar corrigir um erro no desenho e no final deixá-lo ainda pior. Mas isso faz parte. Acontece que em alguns casos, diante de tentativas e erros, há pessoas que, pela ansiedade em ver logo um bom resultado, se conflituam, e desistem de desenhar por não aceitar os erros. Mas temos de lembrar que é errando que se aprende, os erros fazem parte.
7 – Preocupação polarizada somente em desenhar ou comprar materiais
Existem desenhistas que focam mais em aprender, enquanto outros polarizam em uma criteriosa busca de materiais de desenho, que mais atrasa e complica o seu processo de aprendizado. Mas no final das contas, só é preciso bom senso para dar a importância devida a cada coisa; afinal, uma não anula o outra. Aprender a equilibrar os dois é um caminho que torna o aprendizado otimizado e rápido.
8 – Indisciplina
Com indisciplina você se torna alvo fácil da desistência, haja vista que os grandes resultados surgem somente após uma série de práticas frequentes e concisas. Há resultados que realmente demoram aparecer, ainda mais para quem não aplica com zelo as diretrizes de um método. Por isso o papel do desenhista é desenvolver constantemente a disciplina, uma amiga bastante necessária para o praticante do desenho que pretende desenvolver bons hábitos e incorporar técnicas que levam tempo para frutificar e dar resultados. Sem isso, o aprendizado perde eficiência e pode gerar até traumas diante de maus resultados.
9 – Perfeccionismo
Pessoas detalhistas podem se tornam excelentes desenhistas de retrato ou grandes ilustradores; mas, se houver excesso e isso partir para um perfeccionismo, poderá ficar paralisado em muitas tarefas, principalmente ao aprender estilos como o mangá e o cartum, que aceitam melhor traços inesperados ou pequenos erros. Se você faz um desenho e por falta de habilidade fica se contorcendo e se lamentando porque não ficou como gostaria, isso é perder tempo; desenhe, desenhe, e desenhe!
10 – Correria do cotidiano que faz o desenhista observar menos o mundo
O tempo atual tem deixado o homem moderno com uma ansiedade tremenda, tão grande que lhe induziu a ficar cada vez menos observador e condicionado a olhar somente para trivialidades. E infelizmente o desenhista também se tornou alvo disso. Vale lembrar que a observação para o desenhista é essencial, pois é com ela que ele conhece melhor o mundo, valida conhecimentos de anatomia, perspectiva, cores, entre muitos outros compêndios de arte.
Observar o nosso entorno também é uma forma de despertarmos nossa criatividade e gerar condições de qualificarmos as informações que temos dos objetos; posteriormente isso fará diferença ao desenhar, já que as informações observadas sobre os objetos ficarão retidas na memória.