Atentado a Arte: 10 motivos para não cair nessa

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O atentado a arte já é antigo, mas precisamos nos precaver como verdadeiros paladinos, se não quisermos afundar nossa cultura tão rápido. Como já deve ter visto, a arte tem sido a pauta de muita discussão nas diferentes mídias, e até seu conceito violentado através delas, coisa que não é de hoje. E é sobre este assunto que iremos falar hoje, porém apresentando alguns argumentos que vem para contra-argumentar uma série de incoerências e conceitos distorcidos. Vale destacar que a minha abordagem é filosófica, ou seja, ainda que seja arte, também vai se fundamentar em conhecimentos de ciência, religião e política. Mas vamos lá!

1- A subjetividade foi plantada, não é genuína da arte

Tratando-se de evolução, vale lembrar de que essa mentalidade subjetiva disseminada nos últimos tempos, não é genuína da arte, ela veio sendo formada ao longo dos últimos séculos, chegando no que tem sido venerado tanto como “arte moderna”. Mas foi a paulatina queda moral quem pariu isso.

Hoje em dia, há inclusive quem diga: “A arte é livre e subjetiva, depende do que cada um sente, seja de quem a contempla ou de quem a faz”. Entretanto, é óbvio que se ela for mesmo feita de qualquer maneira, vai cair em subjetividades, e o que soa no mínimo estranho é chamar esse resultado de arte, pois, abre mão de todo um estudo, esforço, critério e perícia de quem a executa, principalmente por abrir mão de cânones da arte que foram cultivados por milênios.

A falta de referências e expressão do acaso, não tem mérito para se enquadrar em um conhecimento que foi edificado por tantos mestres. Se qualquer coisa pode ser chamada de arte, e sem demonstrar nitidamente uma perícia do artista, estaremos mais diante de uma “expressão pessoal” do que propriamente “arte”. Todos podem fazer o que quiser, mas é preciso saber dar “nome aos bois”.

Para verificarmos como esse erro é gigantesco, façamos uma simples reflexão… Um advogado, um médico, um arquiteto, um dançarino; passam anos de sua vida estudando justamente para qualificar naquilo que lhes foi ensinado, e, sendo assim, a qualidade de seus respectivos trabalhos não dependerá apenas do que cada um considera, mas por corresponder eficientemente em normas, leis e valores precisos, que paulatinamente foram compilados pela cultura, afinal, guardam bons resultados, categoricamente observados por cada povo que as aplicaram; seja em diferentes épocas, ou em diferentes lugares. Por isso demanda conhecimento. Existe ainda um código atemporal pelo qual a arte se baseia, em leis atemporais, e que independentemente da forma utilizada, guarda valores, não é qualquer subjetividade ou aleatoriedade.

E como pode a arte, que foi cultivada por tantos anos pelos mestres da arte, ser reduzida praticamente a qualquer subjetividade e coisa no conceito das pessoas?! Fundamentando o que disse anteriormente, vale lembrar que apesar de ser comum essa mentalidade, e que resultou nas piores obras que se conhece hoje da arte moderna, sua semente foi plantada mesmo há alguns séculos, e que alguns estudiosos acreditam ter sido através dos impressionistas, no século XIX, onde se rebelaram contra a academia Francesa de Belas Artes, pelo fato desta última exigir os tradicionais padrões estéticos. Porém, o início dessa queda de valores na arte, começou mesmo no romantismo, entre os séculos XVIII a pouco mais do século XIX, mas não do ponto de vista técnico, até porque aparentemente mantinha-se elementos de composição muito bem elaborados; entretanto, as obras já não tinham mais compromisso com o transcendente, não tinham mais uma mensagem, e caiu em um subjetivismo, projetando assim mais uma mensagem pessoal. Foi depois mesmo que abalou sua estrutura técnica, e, o interessante, é que podemos claramente observar que o mais sutil e transcendente, o ideal, foi paulatinamente deixado de lado primeiro, cultivando assim apenas a parte mais densa da arte. Ou seja, o estrago veio de cima para baixo, deixando aos poucos a arte sem missão, sem alma, até chegar num corpo morto em decomposição.

O fato desse tipo de manifestação artística ainda ter sido promovido em instituições conhecidas, e ainda ter movimentos que apoiam isso, não quer dizer necessariamente que isso deva ser tomado como relevante, no sentido genuíno de arte; afinal, se comparado ao que realmente chegou a ser, essa mentalidade dá vazão a uma das manifestações artísticas mais pobres.

“Se qualquer coisa pode ser considerada arte, então a arte deixa de ter relevância.” Roger Scruton

2- Ela tem seu valor atemporal

Quando se trata da forma, teremos ao longo da história, uma série de formas pela qual a arte se expressou através dos homens, seja a dos povos pré-colombianos, egípcios, romanos, gregos, celtas, nórdicos; umas mais realistas, outras menos; etc. O interessante é que, assim como uma língua diferente e de outro país nos soa estranho, assim como costumes de outro país nos soam estranhos, assim como imagens de outras religiões possam nos parecer estranhas, há certas formas de arte de diferentes culturas que também nos chocam, principalmente quando consideramos tecnicamente o modo que os ocidentais e orientais se relacionam com o mundo (ver vídeo).

Os quatro apóstolos - Albrecht Durer

Contudo, apesar da forma mudar, há um ponto interessante e que mantém-se em muita delas, os valores atemporais. Sempre através da arte foi possível canalizar e refletir valores como: conhecimento, criatividade, persistência, disciplina, paciência, entre muitos outros; e que inclusive se manifestam à medida que cada artista cresce não só tecnicamente, mas principalmente com seu conteúdo de artista, com sua sabedoria. Este último inclusive determina a qualidade de sua arte, fazendo com que seu trabalho seja compreendido por um seleto grupo de pessoas; contudo, não deixa de impactar em alguma medida a alma dessas pessoas, já que o artista mergulhou a fundo para aprender a parir uma obra que mexesse sutilmente até com o homem mais rústico; pois, ainda que este último não saiba explicar ou demore anos para compreender, o artista já sabe. Assim a arte é sentida mesmo ser sem compreendida, ela comove, toca o coração. E por isso a principal característica do artista, é sua sensibilidade, captar aquilo que as pessoas comuns geralmente não conseguem compreender, mas que não deixam de poder captar seus efeitos.

E como esses valores são intrínsecos da evolução humana, fica a caráter da arte promover isso, seja pela sua função educativa, de estimular pessoas a desenvolverem técnicas e conquistar valores; por promover a cultura através de exposições, concertos, celebrações, saraus, levando o que se sabe e conhece a mais pessoas, e promovendo uma integração; e ainda por estimular pessoas a questionarem filosoficamente tudo aquilo que são e lhes cercam, com o intuito de ajudá-las a roçarem cada vez mais os arquétipos que lhes instigam a continuar evoluindo.

“Que o teu orgulho e objetivo consistam em pôr no teu trabalho algo que se assemelhe a um milagre.” Leonardo da Vinci

3- É inevitável que defendam este novo conceito

Numa época onde os conceitos estão invertidos, vale salientar que essa desinformação não é necessariamente só papel de gente maldosa que usa a arte para poder cultuar seus caprichos, mas também da alienação de quem transmite informação achando que é conhecimento, uma forma de ingenuidade dos que não estão totalmente conscientes. E como muita gente passou anos de suas vidas cultuando crenças que na verdade eram limitantes, é inevitável que defendam um conceito praticamente vago. Só não é natural manter este posicionamento com todas as garras sem se dar o luxo de fazer um busca profunda.

Enquanto o contrário não acontece, esse grupo irá fazer barulho, usar discursos de ódio, e tudo aquilo mais que já estamos vendo por aí, exceto os mais honestos consigo mesmos que vão tentar ao menos argumentar e dialogar.

4- O problema da descontextualização

Interpretar qualquer assunto fora de contexto, e forçar atenção naquilo que lhe convém, é uma prática que muitos usam para descontextualizar. Tratando de arte, há quem, por exemplo, mencione uma obra antiga e medíocre em alguma matéria, post ou mensagem, só para dizer que anteriormente já haviam conteúdos impróprios.

Ora, a história é um ser, assim como nós, e por isso passa por diferentes ciclos, seja de momentos bons e momentos ruins, e que mesmo nos bons momentos possui um grupo de pessoas que vai querer cultuar o feio, o errado, o tosco. Se avaliarmos sinceramente nossas vidas, mesmo hoje sendo melhores, lembraremos que há dias em que fazemos coisas elevadas, e em outros pisamos na bola, com ações que arrependemos depois. No passado da arte também haviam pessoas fazendo coisas boas e ruins, mas, só saberemos como anda nossa história, ou a da arte se refletirmos de fato toda a nossa história, ou trajetória, não só generalizando um pequeno momento. E de qualquer modo, para sabermos como anda essa caminhada, se está sendo boa ou ruim, torna-se imprescindível interpretar cada fato com critério, para não chegar em conclusões erradas, haja vista que cada lugar e povo tem seus costumes, sua língua, sua raça, sua geografia, sua arte, sua mitologia, sua política.

5- A falta de referenciais

Uma das formas dos grandes homens que estão no poder, manipular massas é usar também a ignorância das pessoas, e a falta de referenciais. Assim qualquer valor é facilmente invertido quando isso lhes convém. É por isso que se instalam na sociedade o comodismo, automatismos; além de comportamentos previstos e estimulados, como o famoso “pão e circo”, polêmicas que desviam o foco; enfim, uma série de hábitos nocivos que tornam o ambiente propício para os grandes tirarem o foco da população e a manipularem para aquilo que pretendem, para aquilo que eles tem interesse.

Inclusive no Brasil, em épocas de copa, jogos, carnaval, entre outras atrações, são o momento oportuno para deputados votarem leis absurdas, seja das que ferem os princípios da arte ou mesmo realizar alguma ação desonesta. Veja, sendo esses os gostos principais do brasileiro, fica fácil saber quando e como desviar a atenção do povo.

No final das contas o oprimido e o opressor são dois ingênuos, pois estão em caminhos evolutivos errados, porém, distintos, e que nada constroem. E quem sabe para onde quer caminhar com consciência, vai pelo caminho do meio, tentando se esforçar para não ser sugado para um destes dois extremos; entretanto, ninguém é um semi-deus, por isso sempre corremos o risco de caminharmos, ainda que por algum instante, para o lado errado, pois, ninguém é perfeito, temos muitas amarras que precisam ser desfeitas. Por isso sempre na história foi importante nos prepararmos previamente para evitarmos as grandes crises.

“Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.” Platão

6- Diferença entre Artistas e Artesãos

É comum algumas pessoas confundirem artista com artesão, mas não é bem assim.

artesão é aquele que se dedica unicamente a fabricação manual de produtos, ou até mesmo com auxílio de ferramentas. Não tem o compromisso de ir além do que produz, exceto em manter aquilo que já é próprio dos produtos que faz, tais como as qualidades e funcionalidades previamente já estabelecidas para quem usá-los.

Classicamente falando, o artista tem um compromisso a mais que simplesmente produzir ou fazer coisas, até porque a arte visa transcender isso. Sua erudição e potencial lhe permite usar a técnica como meio de tocar sua alma e a das pessoas, até provocando catarses, seja ao realizar exposições, exibições, espetáculos; podendo assim levar o que sabe educando pessoas, e até abrir a mente das mesmas para que possam questionar e conhecerem melhor o seu entorno e a si mesmas. É mais que só aparência, pois o artista cresce internamente e conquista a possibilidade de levar essa vida aos demais através da técnica. Inclusive, etimologicamente, arte vem do latim ars e corresponde ao termo grego techné (técnica); significa: o que é ordenado ou toda espécie de atividade humana submetida a regras, o como fazer.

Inclusive algumas tradições antigas, não viam o artista como um mero trabalhador. No antigo Egito, sua função estava até bem relacionada com a vida religiosa, assim seguiam cânones que não focavam em representações realistas, ainda que existisse essa manifestação na época há cerca de 300 anos a. C..

Um ótimo exemplo de artista é o que conhecemos como um dos maiores gênios que o mundo já teve, Leonardo da Vinci. Ele tinha uma incessante busca pelo saber, e que alguns especialistas preferiram defini-lo como polímata, outros de filósofo; afinal, tinha um grande domínio de áreas como engenharia, pintura, matemática, botânica, mecânica, música, entre outras. Sabemos que parte de sua genialidade foi inata, mas, o que muitos não consideram, é que por investigar tudo com tamanha profundidade e ecletismo, permitiu que estivesse diante de grandes mestres,  e muitos outros conhecimentos profundos, um ponto crucial que deu ainda mais impulso a seu desenvolvimento. Um desses conhecimentos veio através de Marsílio Ficino, filósofo cristão que traduziu obras de Platão, entre outras obras e estudos de mestres gregos; também do apoio de Lourenço de Médice, um estadista e poeta, grande patrono de artistas e letrados; e ainda do tão atribuído mestre, Andrea Verrocchio; ou seja, um conjunto de elementos, e que com certeza impulsionaram também outros renascentistas, contribuindo assim para que este conjunto de conhecimentos e oportunidades, desse ao período do renascimento o título de, a época de ouro da arte.

Interessante que esse princípio e conhecimento, a ARTE, permeava com afinco e tradicionalmente outras áreas, como por exemplo, nas disciplinas de combate, formando o que conhecemos hoje como arte marcial. Assim, originalmente, o artista marcial tinha como meta um trabalho interno no homem, ou seja, uma lapidação de sua personalidade, e não somente como é hoje, tendo mais como meta a prática do esporte ou mera defesa pessoal. A verdadeira arte marcial se referia a desenvolver os potenciais latentes do homem, uma transformação interna que usava as técnicas como meio, não um fim; como era feito milenarmente, como também na época do templo Shaolin, com Bodhidharma, entre outros. E são pouco estilos de artes marciais que ainda mantém alguns desses princípios.

7- O que tem a arte do artista?

O valor de um trabalho artístico é sempre proporcional ao conhecimento de cada um, e revelando inclusive o perfil do sujeito. Isso é até semelhante ao que certos psicólogos concluem quando interpretam o desenho de crianças, ou até como bem aborda a arte-educadora Betty Edwards, exceto que chega a graus bem mais elevados. A arte revela nosso estado de espírito.

Entretanto, o ARTISTA, no sentido mais nobre, tem um compromisso com o ideal, e sendo assim, quanto menos pessoal for e mais ideal, mais artístico será; pois, se tem um compromisso com o transcendente, com um ideal, menos impressões de suas imperfeições, vícios e desejos; e mais expressão do transcendente, dos arquétipos. O cabedal de cada um determinará a qualidade do seu trabalho, e o mais curioso que não é só questão de pessoalismo, mas por expressar aquilo que é útil ao coletivo. Obras que só obedecem a moda ou pessoalismos podem atrair rapidamente uma multidão e até marcar história, porém por pouco tempo, pois seguem justamente o que está em alta, e nem sempre relevante; enquanto que obras com conceitos atemporais, irão não só fazer história como deixar, mesmo que tecnicamente, marcas fortes nas almas de quem a contemplar, mesmo que para isso as pessoas levem décadas para compreender, ou, por incrível que pareça, leve séculos para ser compreendida por um povo, coisa que geralmente ocorre quando grandes mestres não são entendidos em vida com suas obras.

As mulheres usam salto porque isso lhes deixam mais bonitas; mas será que elas sabem o motivo? Homens são mais atraídos por mulheres bonitas; mas por que elas são bonitas? Há composições de pintura muito simples que forçam o observador a prestar mais atenção em uma determinada pintura; mas por que isso ocorre? Tem cânones da arte que você encontra respostas para isso, para inclusive usar isso em suas obras, revelando assim que há um código por trás da natureza e que dela também emana determinados efeitos, ou seja; são leis atemporais do universo que nos regem, códigos, pelo qual nos orientamos, e, à medida que compreendemos isso, evoluímos, e consequentemente produzimos uma obra mais poderosa e importante.

8- Religião, Símbolos e Mitos na arte

Há muito tempo, em diferentes culturas, cada povo sempre teve a sua própria mitologia, uma forma antiga de prender conhecimentos profundos através de alegorias e evitar possíveis deturpações, inclusive presentes nas religiões e muito usada em pinturas, entre outras manifestações artísticas. Muitos não sabem, mas isso é um profundo conhecimento para os mais sábios decifrarem; afinal, cada elemento tem um símbolo, e por isso uma interpretação literal sempre leva a cabeça dos mais imediatistas a fantasiarem-se, e não entenderem nada. Mitos requerem uma inestimável pesquisa.

Sobre a parte mitológica, uma das melhores referências que envolvem a arte, e mais próximas do nosso entendimento, vem dos gregos, onde cada força da natureza é representada por uma divindade antropomorfizada. E sendo assim, para a arte e a ciência, haviam as musas inspiradoras, representadas por Calíope (Eloquência), Clio (História), Érato (Poesia Lírica), Euterpe (música), Melpômene (Tragédia), Polímnia (Música Cerimonial), Terpsícore (Dança), Talia (Comédia) e Urânia (Astronomia e Astrologia). Inclusive, o significado original da palavra “museu” vem do grego “mouseion”, templo ou morada das musas, espaço de inspiração divina.

9- O que a queda de valores gerou

Devido a queda de valores, note que a consciência das pessoas, atualmente, tende a focar em aspectos mais densos, enquanto que o que é sutil, transcendente e mais importante, fica muitas vezes em segundo lugar. E como essa característica da massa desencadeia uma série vícios, os mais ambiciosos irão criar um terreno propício para que isso seja ainda mais estimulado, pois, é tudo que eles precisavam para usá-los como massa de manobra.

Êxito x Mérito

Nós podemos alcançar com êxito o sucesso na arte, seja através de um meio desonesto, ou que não tenha implicado em um verdadeiro esforço ou merecimento. Mas se quisermos alcançar o sucesso na arte com mérito, teremos de nos alinhar com as competências necessárias, ou, o fazer por merecer, honesto. Entretanto, atualmente, nem sempre as coisas são feitas assim, um comportamento que nos deixa bastante vulneráveis e fracos.

Sim, nascemos em uma época onde a aparência está para além do conteúdo, ou seja, muitas vezes tem mais relevância para as pessoas:

  • um diploma, que saber fazer;
  • a medalha, que o caminho para se chegar até ela;
  • fama, que ser um profissional de sucesso;
  • dinheiro fácil, que dinheiro conquistado;
  • um bom emprego, que ser um profissional feliz;
  • ter um filho com um bom emprego, que um filho feliz;
  • prestigiar o trabalho de um amigo ou parente só porque foi noticiado na mídia, ao invés de prestigiar também quem tem talento.

No mundo digital, temos outro problema que muitas vezes mascaradamente aparece como sucesso, as visualizações. Veja que, nem todos os vídeos mais acessados do Youtube são realmente úteis, relevantes, ou visualizados por quem realmente aprova o que foi exibido. Muitos vídeos viralizam só pelo fato de:

  • os internautas querem rir de uma situação bastante constrangedora ou engraçada;
  • os internautas serem induzidos por outro canal com milhares de inscritos;
  • um divulgador com milhares de seguidores divulgar um determinado vídeo;
  • uma técnica SEO mais elaborada em seu site ou blog que aponta para o vídeo;
  • uma indexação melhor de seu site ou blog que contém o vídeo pelos mecanismos de busca ;
  • entre outros.

E as iscas intencionais mais comuns para visualização são:

  • apelo sexual (comerciais também usam isso);
  • polêmica ou notícia ruim (a TV usa isso, principalmente tratando da vida dos outros);
  • títulos tentadores (porém até incompatíveis com o conteúdo);
  • marketing (se bem estimulado, pode dar relevância para coisas simples);
  • boatos (as pessoas tendem a espalhar uma notícia, mesmo sem saber a veracidade);
  • temas sazonais ou do momento (seja com uma data comemorativa ou acontecimento).
  • entre outros.

O poder diante de uma queda de valores

Dinheiro, internet, mídia televisiva, computador, tecnologia, são recursos muito utilizados nos dias de hoje, e que, querendo ou não, concedem poder à medida que se tem acesso a eles. Mas, observe que interessante, o instinto de poder do homem, que todos tem, pode transformar esses recursos em malfeitorias ou benfeitorias, só depende do caráter de cada um; ou seja, o poder desses recursos não são em si ruins, só revelam o caráter de cada um. Em suma, através destes recursos, pode-se facilmente fazer uma benfeitoria para a população, ou criar-se um grande problema para a população por uma má intenção.

Mentalidade capitalista

Ainda hoje, um dos argumentos que se usa para venerar uma obra, é porque custa milhões; contudo, quem tem um mínimo de noção de arte, questionaria logo de cara a real importância de tal obra para as pessoas, para a sociedade, e não daria só importância pelo quanto ela pode valer, até porque sabe que um bom marketing, uso de formadores de opinião, a própria ironia do trabalho (que promoverá buzz marketing), entre outros artifícios, magicamente transforma geringonças em obras que valem milhões.

A prova disso é essa pintura a seguir, intitulada como “Onement VI”, ícone do expressionismo abstrato, feita pelo pintor norte-americano Barnet Newman. Foi vendida pelos impressionantes 43,84 milhões de dólares.

Há quem realmente ache bonito isso, e outros que, por uma mentalidade capitalista, comercializam apenas pelo dinheiro, dando primazia a aspectos quantitativos, ao invés de qualitativos. O capitalismo não é de todo ruim, mas como visa o lucro, e diante da falta de ideal das pessoas que compram essas obras, acabou convencendo as mesmas e as demais alienadas de que se vale muito é porque vale muito a pena, e até mesmo porque o autor tem nome no mercado. Mas isso estimula mais e mais os artistas a abandonarem o sentido da arte. Conheço muita gente que largou a arte clássica para se arriscar às famosas modas da arte, ou o que estava na moda onde morava, com o único intuito de ganhar mais porque via outros fazendo o mesmo, ainda que isso contrariasse seu gosto e satisfação pessoal; entretanto, alguns realmente obtiveram melhores rendimentos, outros não suportaram fazer qualquer coisa e voltaram expressar seus referenciais da arte. Mas há quem tenha desistido. Sim, nem tudo que é bom é comercial, o problema é que muito artista não sabe empreender, um problema que facilmente o instiga a se sucumbir a outros caminhos ou mesmo tentar qualquer coisa que ele veja mais saída, pois muitas vezes não sabe criar sua oportunidade, não sabe como ganhar dinheiro com seu talento.

E por dinheiro as pessoas não só morrem de trabalhar, como passam por cima de seus próprios valores, o que evidencia mais uma vez a coerência do ditado:

“Não perca sua vida tentando ganhála.”

10- Liberdade não é Libertinagem

O argumento que se usa hoje para dizer que estamos sendo censurados, é por não podermos mais representar pedofilia, zoofilia nas artes. Diante de Leonardo da Vinci, que genialmente transmitia suas mensagens através de suas artes, em uma época em que censura era muito mais que representar em suas obras zoofilia e pedofilia, soa um tanto leviano desse grupo achar que um detalhe desse fará falta em nossa arte. Mas, ora, uma coisa dessa sempre feriu nossa moral, tampouco porque se refere a arte, que poderemos colocá-la, isso é libertinagem! Caracterizando mais a intenção da promoção e legitimação de vícios.

Além do mais tem a questão do contexto, como puderam as crianças verem isso? Psicólogos já se manifestaram sobre o ocorrido e disseram que isso fere as etapas de desenvolvimento da criança, ainda mais por conteúdos que não agregam em nada a nossa evolução como humanos, e não como animais. Se puder qualquer coisa, daqui a pouco teremos obras consagradas com incesto.

O que diferencia nós dos animais, é que percebemos a Deus, que podemos despertar consciência para separar o certo do errado. Assim, o homem livre é aquele que aprende a dominar a si mesmo, e ainda que isso seja difícil, diante de tantos vícios e problemas do mundo, é a evolução que nos torna mais felizes. Graças a arte temos um dos conhecimentos mais maravilhosos, que nos auxilia nesse caminho em direção aos arquétipos.

“Livre é a pessoa que consegue dominar os sentimentos, pensamentos e a si próprio por meio da razão. Aquele que não faz isso permanece escravo e controlado pelas paixões, liberdade é autodomínio.” Sócrates

Por aqui encerro esta matéria, que visa colocar meu ponto de vista sobre o ocorrido. Fique a vontade para comentar, ou mesmo compartilhar, e levar esse conteúdo a mais pessoas. Um abraço!

6 comentários sobre “Atentado a Arte: 10 motivos para não cair nessa

  1. Interessante sua opinião, obrigada por compartilhá-la de forma objetiva e clara. Apesar disso, não concordo com certos pontos, principalmente quando você diz que a arte moderna representa uma queda dos valores da arte. As formas tradicionais de ensino, muitas vezes criticadas pelos artistas modernos (sec XIX e XX) sao apenas uma forma de arte, não a única possível e certamente não a única correta. Essa rebelião possibilitou diversas outras formas para os artistas pensarem a visualidade em suas obras (no caso das artes plásticas). Vejo a arte moderna como um ganho e não uma decadência.
    Meu segundo ponto é que apesar de você ter mencionado que as crianças podem ser prejudicadas, acho que sua crítica deve se direcionar aos pais que as levaram a uma exposição de temática adulta e à falta de regras para advertência de idade em exposições artísticas, não aos artistas que expuseram no local.
    Restou uma dúvida: na sua opinião, as vanguardas europeias do século XX representam perda de valor artístico?
    P.S.: há tempos incesto é retratado na arte. Game of Thrones, uma das series mais populares da atualidade, é um grande exemplo.

    1. Imagina Luna! E agradeço a sua participação!
      Como iniciei a matéria, digo que a mesma tem uma abordagem filosófica, ou seja; vai considerar pontos de vista de diferentes conhecimentos justamente por apresentar uma visão impessoal, mas que em contrapartida tende a beneficiar a todos com justiça. Assim, engloba religião, arte, ciência e política. E a arte, que não foi descoberta por nós, tinha como princípio, um cunho educativo, cultural e filosófico, nas tradições antigas vemos isso claramente.
      Na escola, quando tive contato com história da arte, via poucas pessoas elogiarem obras modernas e cheias de abstrações, mas quando elogiavam, elas tinham um posicionamento tão falso, que era facilmente comprovado quando, ao explicarem o porquê de admira-las, cada uma tecia uma explicação diferente, uma subjetividade que inclusive não acrescentava nada em suas vidas, já que a falta de critérios ou de valores do artista, tendia mesmo a não dizer ou transmitir vida. Mas quando uma coisa é boa realmente, ela emana uma verdade que desperta efeitos parecidos em diferentes seres. Sendo assim os elogios soavam mais como uma resposta pronta para não parecerem deslocados ou preconceituosos. Parecia que eram pessoas adestradas, e eu quase que entrei nisso, mas preferi investigar mais quando descobri a filosofia, e passei a pesquisar muito. Soa mais bonito fazer o que quiser, mas sem considerar isso como arte, podemos chamar só de desenho, de pintura, fotografia, ou de expressão pessoal. Quando canalizamos o sutil toque da arte em qualquer atividade humana, não só conquistamos competências, como refletimos através de nossas obras, algo que vimos dos arquétipos para as pessoas.
      Quando coloco em questão a queda, elucido de que, diante de tantas maravilhas da arte, e outros movimentos clássicos da história da arte, a arte moderna se torna uma das manifestações mais pobres, haja vista que a falta de valores, falta de critérios objetivos, abre portas para uma subjetividade sem tamanho, variando conforme o artista ou conforme os demais veem. Exceto alguns artistas que ainda conseguem expressar algo mais representativo e útil.

      Quanto a criança, considero de que a instituição tem uma responsabilidade muito maior que a dos pais, pois numa visão política de estado, ele é o patrono de diversas células familiares. Os pais erraram, mas pela instituição, que tem tempo, investimento, e uma responsabilidade muito maior em cuidar disso, errou feio.

      Ter isso ou aquilo em coisas que vendem muito, ou são muito assistidas, não indica necessariamente que isso seja saudável para o estado; por isso não considero como um argumento relevante. Mas, mais do que formas que chocam, ou com nudez em uma obra, a grande questão a ser discutida é: no final de tudo, considerando todos os elementos, a obra acrescenta ou não a quem contempla ou faz? Se acrescenta, o trabalho do artista ao realizar a obra, está cumprindo seu papel no mundo da arte. Mas quando há conteúdos que ferem valores que passamos milênios edificando, ainda que visualmente seja retratado com uma técnica apurada de composição, não vale a pena. A mentalidade da arte é transcendermos nesse mundo, não regredirmos.

      1. Obrigada pela resposta!
        Discordo que a arte moderna não tenha valores, objetivos ou critérios.Acho uma pena que você tenha entrado em contato com a história da arte de maneira tão pobre, com cada um dizendo o que pensava sem nenhuma objetividade. Já comento que fazer uma obra abstrata não é tão fácil como parece! Também é possível que você esteja tentando jogar todos os movimentos vanguardistas e modernistas sob o título de “arte moderna”, o que explicaria a confusão quanto às intenções e interpretações. Cada movimento, seja o cubismo, o surrealismo, o abstracionismo, tem sua proposta. Ainda estou curiosa a respeito de sua opinião acerca das vanguardas.

        1. Disponha Luna!
          Diferentemente de você, eu não tenho pena pelo seu ponto de vista, haja vista que somos vítimas de uma mentalidade que foi plantada, e inclusive viralizada. Apesar de tudo eu tenho, paciência com isso, não é fácil desconstruir tampouco falar disso.

          Nos últimos tempos, muitas vezes as pessoas racionalizam o conceito de arte com os conceitos de uma determinada atividade (tanto valores quanto técnicas), e até mesmo projetando somente sua própria opinião. Entretanto, arte tem valores específicos próprios dela, que podem se manifestar nas artes marciais, na pintura, na música, no teatro, na dança, em uma cerimônia do chá (Chanoyu), enfim, ela não tem forma, pois são princípios que se expressam nesse mundo através de diferentes atividades quando o artista se alinha com isso; se ela fosse embutida de uma forma específica, seria definida e limitada somente a ela. Mas como a arte precisa de um corpo para manifestar (atividade), por isso ganha tantas formas, e precisa de verdadeiros artistas para canalizá-la.

          As atividades humanas como: pintura, desenho, teatro, música, etc.; tem seus próprios valores, objetivos e critérios, culturalmente compilados. O que friso é que nem toda pintura é arte, nem todo desenho é arte, nem toda música é arte; precisa ter valores e critérios próprios da arte, que possam usar a técnica própria dessas respectivas atividades e transcender, ir além. A “arte” moderna na pintura, agregou muito do aspecto técnico, deu muitas possibilidades, e inclusive deu muitos frutos de estilos; porém, do espírito de arte que já foi, ainda deixa muito a desejar, e são poucas as pessoas que ainda mantém algo realmente que engrandece e que realmente lhe eleva como ser humano.

          Vale destacar que a história que comumente aprendemos, é apenas um pequeno aspecto do espectro do que realmente foi, mas é preciso garimpar por anos de nossas vidas para ir pegando esses detalhes, coisa que da minha parte, acabei querendo dividir com quem lê o post. E assim a história da arte é muito antiga, e se compararmos com o que está sendo feita atualmente, vai chocar; tem uma beleza invisível que as pessoas ainda não contemplaram com afinco, e como diz o pequeno príncipe, “O essencial é invisível aos olhos.”.

          A arte do século XX começou a decair, mas que fique bem claro, ela ainda tinha valores e critérios de arte, só foi o estopim do início do declínio, que me referi. Fazendo uma analogia… A arte vanguardista é como uma mulher bonita, mas que começou a ficar sem conteúdo, como se tivesse perdendo sua alma, pois, beleza física, ainda tinha, e muito. Nem tudo o que é aparentemente agradável, é arte, assim como nem tudo que é aparentemente feio não deixa de ser arte, tem uma mensagem ali, compreende? Tem conteúdo que nos engradece, nos eleva.

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