Como superei minhas 7 principais dificuldades aprendendo a desenhar

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Foi aprendendo a desenhar que aprendi a solucionar 7 das principais dificuldades que enfrentava, muitas inclusive que mal sabia que existiam.

Desenhar é uma tarefa que envolve não só dedicação, mas também uma série de esforços que muitos de nós nem imaginamos. Mesmo pensando nisso, comigo o processo foi mais que um passatempo, pois além de me despertar para enxergar outros pontos de vista, acabou se tornando o meu ganha pão.

Dificuldades com anatomia

Para quem só desenhava a partir de uma referência com a mentalidade de que esse processo iria entrar na cabeça por “osmose”, confesso que fiquei em choque em relação a uma mecanicidade que muitos de nós desenhistas temos que é achar que só copiar, irá nos capacitar a compreender o desenho e desenhar bem. Desenhar anatomia nos ajuda a repetir padrões, mas não nos qualifica a entender o que está acontecendo, e é por isso que muitos desenhistas do realismo acabam cometendo grandes erros de anatomia por não saber direito o que estão representando. E como resolvi isso? Você deve estar pensando… Da maneira mais óbvia possível, estudando anatomia, mas não só copiando. Daí que fui levando mais a sério o estudo obtendo livros, acessando métodos, enxergando por diferentes pontos de vista, etc. Copiar passou a ser um detalhe, e não uma repetição “mecânica”.

Desmotivação

Quem é desenhista já passou por isso, e comigo não poderia ser muito diferente. A desmotivação é presente em diferentes momentos da vida de nós desenhistas. E como fui vendo, isso ocorre e varia de intensidade entre um e outro artista, principalmente conforme o contexto de cada um. O legal é que à medida que você vai ficando mais maduro, você entende que para combater isso você precisa gerar aquilo que falta, criar possibilidades de motivar-se, de crescer como pessoa em diferentes sentidos, principalmente tendo claro o motivo pelo qual desenha. No caso dos desenhistas que começam nisso como passatempo ou como arte, vi que a própria atividade tende a nos reciclar, exceto quando isso é afetado por um problema de saúde, tal como uma depressão, desnutrição, problema pessoal, etc. No caso de um desenhista que trabalha profissionalmente, a desmotivação geralmente vem da abordagem preconceituosa das pessoas do seu entorno, por projetarem crenças limitantes que desvalorizam o desenhista; ou ainda é uma desmotivação que vem por seu mal desempenho econômico com o desenho, afinal, quem trabalha com desenho quer ver sua arte dar frutos financeiros.

Conhecendo meus limites de tolerância e as limitações das pessoas, cheguei a um ponto que consigo me manter motivado, mas com microciclos de desmotivação; claro, ninguém é de ferro. E para agregar a isso, a boa música, a boa nutrição, as boas ideias, as boas companhias, boas leituras, se tornaram grandes companheiras do meu crescimento, e isso não tem preço, pois vejo que a motivação passou a andar junto comigo quando promovia isso.

Desenho desproporcional

Aprender a desenhar com proporções corretas é essencial para criar um bom desenho, mas quem disse que isso é claro para todo o desenhista no início? Quando fui entendendo que a proporção é fundamental, passei a entender que o começo do desenho manda muito na sua qualidade, mesmo que você tenha uma boa técnica de pintura. Em desenhos realistas, por exemplo, um erro nisso você terá um problema gritante. Eu fiquei mais convencido disso quando conferi aquela frase do artista do século XVIII, Ingres, que diz o seguinte “Não há boa pintura sem um bom desenho”. Eu não tinha grandes dificuldades em acertar as proporções corretas, mas comecei a valorizar mais.

Assim passei inicialmente a desenhar as formas básicas maiores, e durante o esboço, ao praticar a comparação entre diferentes partes do desenho, como, por exemplo, comparando a altura do rosto com sua própria largura, uma comparação que nos diz se estamos diante de um espaço quadrado ou retangular, ou ainda se a largura do olho com a distância entre as sobrancelhas está de acordo com o que deveria ser.

Perspectiva

Meus desenhos sem profundidade, eram justamente aqueles que eu criava, um fato que me instigava a perceber que faltava algo muito grave em meus estudos. Mais tarde, através de cursos e estudos por conta própria, vi que a perspectiva é fundamental para se criar desenhos tridimensionais. Muitos iniciantes podem ter dificuldade em entender e aplicar corretamente os princípios da perspectiva, mas sem ela seus desenhos vão sempre ficar parecendo uma tentativa amadora, porque a profundidade, o volume, a distância, no desenho, precisam imitar o que as pessoas veem, e o estudo da perspectiva é dotado de regras para emular isso. Por isso foi fundamental estudar os princípios básicos da perspectiva, como ponto de fuga, linhas de convergência e profundidade, praticando e desenhando objetos simples em perspectiva, como uma caixa ou um cubo.

Sombras e Luz

No início era comum criar desenhos acinzentados, sem profundidade. Em princípio não era incômodo, mas à medida que fui vendo outros desenhos e comparando, percebi a necessidade de melhorar o contraste, deixando o preto realmente preto, o branco realmente branco, e ainda valorizando os tons medianos na intensidade que realmente possuem. O uso de sombras e luz é essencial para criar profundidade e realismo em um desenho, mas muitos dos iniciantes podem ter dificuldade em entender como aplicar sombras e luz de forma eficaz e, por não saberem de sua importância, deixam esse conhecimento passar batido. Estudar como a luz se comporta e como as sombras são formadas foi essencial, principalmente quando fui praticando e desenhando objetos simples, ao experimentar diferentes técnicas de sombreamento.

Criatividade

Ainda que hoje eu seja uma pessoa muito criativa, isso nem sempre foi algo tão fácil no desenho. Desenvolver um traço e desenhar objetos e pessoas, eram tarefas árduas e bastante desgastantes. Mas com o tempo, dedicando em compreender como se desenha, as ideias vão fluindo, como se fosse uma roda que você coloca embalo, quanto mais gira, mas rápida fica. Isso foi fundamental para despertar minha maneira de desenhar mais rápido, agregando novas ideias e novas possibilidades.

Por fim você vê que há limites técnicos, ou seja, falta estudo e habilidades, mas também há a necessidade de conferir o mundo com uma mente aberta a novas possibilidades, para que a criatividade flua, senão você vai sufocá-la. Assim fui experimentando diferentes técnicas e estilos, como lápis de cor, aquarela, tinta, etc; assim como diferentes aprendizados que nos levam a diferentes pontos de vista, como escultura com madeira, argila, biscuit, etc. Sair da zona de conforto, me tornou mais capacitado a observar o trabalho de outros artistas, para encontrar inspiração e obter novas fontes.

Paciência

Paciência não é uma das maiores dificuldades minhas, mas em aprender a desenhar, que envolve um aprendizado a longo prazo, isso pode ser um processo demorado e frustrante para muitos desenhistas. Muitos iniciantes podem desistir quando não veem resultados imediatos, e no meu caso, eu não cheguei a ter vontade de desistir da atividade, mas de certos desenhos em específico, onde isso era bem comum. Começava um desenho, encostava outro, e nem sempre terminava. Mas com o tempo praticando, comecei a entender que era importante valorizar as escolhas e saber definir o que era prioridade, principalmente ter a paciência para terminar, mesmo quando no meio do processo era necessário um esforço maior ou uma ideia melhor para concluir o desenho. Assim aprendi a ser paciente e consistente, de modo que este último, era fundamental para dar os ânimos iniciais, em escolher um tema de desenho que me motive. Praticando regularmente e celebrando as pequenas conquistas fui aos pouco criando registros de um caminho que até hoje é meu ganha pão inclusive.

Enfim, vi que o caminho do desenho também é formativo, mas cabe um esforço para ir além do que achamos ser, ir além das mentalidades que julgamos ser as corretas, senão não há crescimento.

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