Desenhar mangá: Aprendendo o caminho certo e superando preconceitos

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O mangá, com suas linhas estilizadas, personagens expressivos e histórias envolventes, conquistou o mundo e se tornou uma das formas de arte mais influentes e adoradas da cultura pop. Para muitos, desenhar mangá não é apenas um hobby, mas uma verdadeira paixão. No entanto, quando falamos sobre aprender a desenhar mangá, especialmente no Ocidente, existem muitos paradigmas e preconceitos que precisam ser quebrados para permitir um aprendizado mais fluido e profundo. A arte do mangá é mais do que apenas copiar personagens e cenas famosas; ela envolve compreender a cultura, os valores e os estilos por trás da criação dessa arte tão singular.

O que é mangá?

Antes de mergulharmos nas barreiras culturais e paradigmas estilísticos, é importante definir o que exatamente é mangá. A palavra “mangá” significa, literalmente, “imagens involuntárias” em japonês e se refere às histórias em quadrinhos japonesas. Contudo, o termo cresceu para englobar muito mais do que apenas histórias em quadrinhos. No Japão, o mangá é uma forma de expressão artística profundamente enraizada na sociedade e que abrange uma ampla gama de estilos, temas e públicos.

O mangá pode ir desde histórias infantis fofas e cheias de humor até narrativas densas, que exploram temas complexos como a moralidade, a guerra e a filosofia. Ao aprender a desenhar mangá, é essencial entender que esse estilo não é uma “fórmula” simples de ser replicada; ele é moldado por uma rica tapeçaria de história e cultura.

Preconceitos ao desenhar mangá

Um dos maiores desafios enfrentados por aqueles que estão aprendendo a desenhar mangá, especialmente no Ocidente, é superar preconceitos comuns que podem limitar o progresso artístico. Muitos aspirantes a artistas começam seus estudos com uma ideia preconcebida do que o mangá “deve” ser. Eles olham para o trabalho de artistas renomados, como Masashi Kishimoto (Naruto) ou Akira Toriyama (Dragon Ball), e acreditam que o sucesso no mangá está em imitar esses estilos de forma exata.

Esse é um erro comum. O mangá é, em sua essência, uma forma de arte que valoriza a individualidade e a expressão. Embora possa ser útil aprender copiando os mestres para adquirir habilidades técnicas, é fundamental que o artista em ascensão permita que sua própria voz artística brilhe. Além disso, muitos estilos de mangá evoluíram ao longo do tempo, e cada novo mangaká (artista de mangá), vem trazendo algo único e novo para o meio.

Outro preconceito comum é a ideia de que o mangá é um “estilo único”. Na verdade, há uma enorme diversidade dentro do mundo do mangá. Os estilos variam enormemente de acordo com o gênero, o público-alvo e até mesmo as preferências individuais dos artistas. O mangá shōnen, voltado para um público jovem masculino, tende a ter um estilo mais dinâmico e energético, enquanto o shōjo, focado no público feminino, é mais leve e emocional, com uma ênfase maior nos detalhes das expressões dos personagens e nas interações interpessoais. Há também o seinen, o kodomo e muitos outros estilos que exploram diferentes formas e traços.

Quebrando paradigmas de estilo

Um dos grandes desafios de quem começa a desenhar mangá é se desprender das ideias rígidas sobre estilo. Quando falamos de “quebrar paradigmas”, estamos nos referindo à necessidade de abrir a mente e explorar formas novas de expressar arte dentro da estrutura do mangá. O maior erro de muitos artistas ocidentais é tentar copiar superficialmente o estilo visual do mangá sem entender seus princípios mais profundos.

Ao desenhar personagens de mangá, por exemplo, muitos se concentram em reproduzir os olhos grandes, o cabelo estilizado e as expressões exageradas. Porém, esses elementos são apenas uma parte de um todo muito mais complexo. O que realmente faz um desenho de mangá se destacar é a fluidez do movimento, a composição da cena e a capacidade de contar uma história por meio de imagens.

É importante lembrar que, mesmo que os olhos grandes e expressivos sejam uma característica comum em muitos mangás, não são uma “regra” a ser seguida à risca. Estilos mais realistas, como os encontrados em “Vagabond” de Takehiko Inoue, ou mais estilizados e experimentais, como em “Akira” de Katsuhiro Otomo, mostram que há muito espaço para inovação dentro do mangá.

Ao aprender a desenhar mangá, é essencial questionar as regras e experimentar novos estilos. Use referências, claro, mas não tenha medo de explorar a sua própria visão. Isso será crucial para o desenvolvimento de sua arte e de sua identidade artística.

A influência da cultura e como ela pode atrapalhar o ocidental

Desenhar mangá no ocidente também traz à tona um aspecto cultural importante. A arte é uma expressão cultural, e o mangá está profundamente enraizado na cultura japonesa. Questões culturais podem ser um obstáculo ou uma oportunidade, dependendo de como você as aborda ou conhece.

O estilo de vida, os valores e as tradições do Japão moldam os temas e os estilos do mangá. Muitos aspectos do mangá, como a ênfase na coletividade, a influência da espiritualidade xintoísta e budista, e até mesmo o ritmo da narrativa, estão relacionados à cultura japonesa. Por isso, quando um artista ocidental tenta replicar esses elementos sem uma compreensão adequada do contexto, o resultado pode parecer artificial ou deslocado.

Um exemplo clássico é o uso de expressões faciais e emocionais. No Japão, as emoções do cotidiano são muitas vezes expressas de maneira mais contida do que no Ocidente. No entanto, no mangá, os autores frequentemente exageram essas expressões para torná-las mais visíveis e compreensíveis. Um artista ocidental pode não perceber a sutileza por trás desse contraste cultural e acabar criando personagens que parecem exagerados ou pouco convincentes.

Além disso, a maneira como as histórias são contadas no mangá é diferente das narrativas ocidentais tradicionais. O ritmo é mais lento, há uma maior ênfase na construção de personagens e na exploração de emoções, enquanto a ação ou o clímax da história pode ser adiado por capítulos. Para um artista ocidental que está acostumado com narrativas mais diretas e rápidas, isso pode ser um desafio.

Como superar barreiras culturais e preconceitos?

O primeiro passo para superar essas barreiras culturais é o estudo. Não basta apenas estudar a técnica do desenho; é necessário mergulhar na cultura japonesa, entender seus valores, suas histórias e suas tradições. Assista a filmes, leia mangás, estude a história do Japão e procure entender o contexto por trás das obras que você admira. Isso enriquecerá sua arte e permitirá que você crie algo mais autêntico. Enquanto que no Brasil a paixão é o futebol, a paixão do japonês é o mangá, porém em um grau menor.

Outra dica é evitar a ideia de que há uma “forma certa” de desenhar mangá. O estilo mangá, assim como qualquer outro estilo artístico, está em constante evolução. Artistas no Japão estão constantemente experimentando, e você também deve fazer isso. Encontre o que ressoa com você como artista e explore essa direção.

Além disso, mantenha-se aberto à crítica e ao feedback, especialmente de pessoas que compreendem o mangá em sua profundidade cultural. Receber opiniões construtivas pode ajudar a ajustar e aprimorar seu trabalho, permitindo que você cresça como artista.

Desenhar mangá é uma jornada criativa que vai além da simples reprodução de estilos. Envolve uma profunda compreensão das raízes culturais e históricas do Japão, além da superação de preconceitos e paradigmas que podem limitar o desenvolvimento artístico. Para quem está aprendendo no Ocidente, o maior desafio pode ser encontrar um equilíbrio entre respeitar a tradição do mangá e trazer sua própria voz e cultura para a arte, uma premissa que ajudamos a lidar durante o aprendizado dos alunos do curso Desenhar Top.

Ao quebrar preconceitos e paradigmas estilísticos, explorar novas abordagens e entender a cultura por trás do mangá, você estará no caminho certo para dominar essa arte e desenvolver um estilo único e autêntico.

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