Desenhista, desenhar é mesmo a sua vocação?

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Todo mundo que desenha há bastante tempo, faz isso por hobbie ou por profissão, talvez até pelos dois motivos, sendo que dentre eles podemos encontrar tanto os bem sucedidos quanto os maus sucedidos, resultado que nem sempre os mesmos visualizam conscientemente. Seja por hobbie ou por profissão, o fato é que em ambos os casos ainda encontramos aqueles que não vislumbraram o ofício como gostariam. É aí que eu lhe pergunto:

Desenhar é mesmo a sua vocação?

Se você procurou este artigo, tem grande chance de estar “em cima do muro”, com aquela velha dúvida que um dia todos nós temos: “O que eu quero ser na vida?“; mas, de forma geral, posso dizer que o problema do desenhista que não encontrou a sua vocação, são os mesmos de pessoas em qualquer outra área, e por isso tratarei do assunto de forma ampla, sem polarizar demais no ofício desenhista.

Como nem sempre temos o conceito certo das palavras; afinal, tudo se desgasta neste mundo, vou partir logo para a etimologia da palavra em questão. A palavra vocação vem do latim “VOCATIO“, que quer dizer “convocação”, ou seja, ser chamado. Através dessa premissa, podemos levantar algumas questões, como: “O que acontece quando estamos onde não deveríamos estar?”, “E quando a encontramos?”, “Existe uma forma de saber a nossa vocação?”.

Independentemente da sua crença, é bom destacar que todos nós nascemos com potenciais diferentes, que interferem consideravelmente em nosso destino; veja que graças a esses diferentes potenciais, temos os artistas, os comunicadores, os educadores, entre outros, que se estiverem bem vocacionados, beneficiarão todos aqueles que estiverem a sua volta, justamente porque geram uma harmonia na sociedade por cumprirem seus diferentes papéis, do contrário teremos pessoas mal sucedidas e mal posicionadas. De qualquer modo, retornemos as perguntas anteriores…

 

O que acontece quando estamos onde não deveríamos estar?

Independentemente de quem trabalha como desenhista, vendedor, professor ou em qualquer outra área; o fato é que nos deparamos com os mesmos problemas e frustrações se não estamos de acordo com nossa vocação. Por exemplo, tente lembrar daquele vendedor (a) que na maioria das vezes lhe atende mal… Você acha que ele está bem vocacionado? Há grandes chances dele exercer essa profissão simplesmente pelo dinheiro; ou seja, não foi uma escolha, foi a forma que ele encontrou de obter um emprego e conseguir dinheiro. Daí você poderia me dizer: “Ele deve atender mal pode estar com problemas em casa, salário baixo, personalidade forte, entre outras coisas”; eu concordaria se o mal atendimento fosse temporário, antecedido de um grande stress, problema de saúde ou mesmo um grande problema familiar, mas não diria que o sujeito está na vocação que deveria. Para um vendedor o bom atendimento não passa de uma obrigação e sustentaria esse valor na maioria das vezes que atendesse alguém; afinal, isso é uma das principais exigências dessa profissão, se não fosse isso, qualquer “zé mané” poderia ocupar a sua função. Veja só, um vendedor precisa de diversas qualidades para ser bom no que faz; ele precisa ser simpático, atencioso, bem articulado, honesto, entre muitas outras. Resumindo, sua natureza e habilidades precisam estar alinhadas com as necessidades da função a qual ele irá exercer.

Uma outra coisa que está enraizada em nossa cultura, é reclamar que a semana não passa e ansiar pela sexta-feira, resultado de uma fuga, que é um possível sinal de estar mau engajado na profissão. Além de ser um mau comportamento, contamina os demais com a mentalidade de que trabalhar é ruim, desgastante, etc. Em suma, pode ter certeza que todos estes problemas irão minar a energia do sujeito, além de colocá-lo em uma série de problemas familiares e sociais.

Alguns indícios de um sujeito mal vocacionado que surgem demasiado:

  • Inveja;
  • Crítica;
  • Ingratidão;
  • Preguiça;
  • Rancor;
  • Desdém;
  • Indisciplina;
  • Falta de objetivos;
  • Falta de metas claras.

 

E quando a encontramos?

Quando estamos bem vocacionados, as pessoas vem até você para solicitar uma ajuda, uma dica, um serviço, porque sabem que você é bom naquilo que tem desenvolvido. E mesmo apesar de algumas dificuldades pessoais, você terá o prazer de se esforçar para atender e fazer bem. Pode ser ganhando dinheiro ou mesmo como voluntário em um projeto social.

Outro ponto interessante é que quando você está bem vocacionado, você quer que o dia renda; pois, cada dia é mais um oportunidade para trabalhar no que gosta; falo isso por experiência própria, tem dia que não vejo o dia passar de tão bacana que foi. É claro que toda profissão tem lá suas dificuldades, problemas, mas encaro isso com espírito de luta e superação, não vou desistir fácil.

Muitas vezes você não fará um serviço simplesmente pelo dinheiro, há casos em que você sabe que demandaria um ajuste no valor, mas por não ter orçado corretamente, prefere caprichar mais um tempo para fazer e entregar o serviço da melhor forma possível. Isso é extremamente gratificante.

Alguns indícios de um sujeito bem vocacionado:

  • Satisfeito no que faz;
  • Sente gratidão;
  • Parabeniza quem merece;
  • Quer ver outros vencerem;
  • Tem metas claras;
  • Não deixa se abater perante as críticas;
  • Transmite alegria;
  • Aprende continuamente;
  • É disciplinado;
  • Perdoa com facilidade.

 

Existe uma forma de saber a nossa vocação?

Para encontrarmos nossa vocação é necessário uma boa educação, mas no Brasil ainda estamos longe de uma educação de qualidade. Veja que a educação também tem uma etimologia bastante interessante; vem do latim “EDUCARE”, e significa “tirar de dentro”, nesse caso seria tirar as potencialidades do indivíduo. Não é a toa que os indivíduos bem educados são os que mais realizam feitos grandiosos.

Existe um livro muito bacana, chamado “Como reconhecer sua vocação”, de Michel Echenique, que apresenta um método interessante de encontrar sua vocação, ele se baseia em três perguntas básicas…

1- O que você gosta de fazer?

Tente fazer uma lista das diferentes coisas que você gosta de fazer, sem considerar aquilo que é obrigação.  Exemplo: consertar aparelhos eletrônicos, desenhar, jogar futebol, vender, dar conselhos e entender o ser humano, etc.

2- O que você quer fazer realmente?

Você quer ser um desenhista? Quer ser um designer? Olha só, se tiver muitos ofícios de mesma natureza como esses que mencionei, pode indicar que seu destino esteja voltado mesmo para uma área, nesse caso seria a arte; mas, se tiver mais inclinado a fazer outras coisas, não esqueça de considerá-las também, talvez sua missão nem esteja tão relacionada a arte, mas um ofício de outra natureza. Exemplo: ser um vendedor.

3- O que você faz bem feito e que as pessoas gostam que você faça?

Existe algo que você faz e que as pessoas gostam quando faz? Trazendo para nossa realidade de desenhistas, podemos considerar até aqueles pedidos de amigos e familiares, quando pedem desenhos realistas, caricaturas ou qualquer outro tipo de trabalho. Vamos supor que você analise e descubra que só tem duas coisas que você faz bem feito e que as pessoas te procuram. Exemplo: desenhar caricaturas e vender (pode ser qualquer tipo de produto).

Se considerarmos os exemplos acima, poderemos observar que o sujeito em questão está mais vocacionado a atuar como vendedor; veja que ele gosta, quer, faz bem feito e ainda é solicitado por familiares e amigos em serviços relacionados a venda de produtos.

 

Para ser sincero eu não torço para você ser um desenhista, mas que encontre a sua verdadeira vocação, que pode ser até em mais de uma área, ou mesmo como desenhista. O importante é que você se descubra, que se avalie. Cumprir o seu destino depende de você e com certeza desembocará na sua felicidade! Até mais!

2 comentários sobre “Desenhista, desenhar é mesmo a sua vocação?

  1. Muito bom Mateus. É verdade isso, temos que fazer o que gostamos, trabalhar em uma profissão onde não estamos satisfeitos com nós mesmos é complicado. A grande maioria pensa apenas no dinheiro, faz faculdade pensando que a profissão é valorizada, chega na hora de “botar a mão na massa”, desanima. Enfim belo post!!

    1. Obrigado Renan!
      Pois é, tem uns que lutam tanto pelo dinheiro, que esquecem da sua própria satisfação pessoal e profissional. O “botar a mão na massa” logo mostra a verdade, mas muitos acabam insistindo no que não deve.

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