A AI é uma tecnologia que chegou abalando as estruturas de muito setores de trabalho, inclusive o “ganha pão” dos desenhistas. Mas nem tudo ela poderá abalar, pois existe algo interessante que a AI não toma de nós desenhistas.
Embora as tecnologias de inteligência artificial possam imitar muitas habilidades humanas, ainda existem alguns resultados colhidos pelos humanos através da arte do desenho, que uma AI não pode prejudicar. E como dizia na obra “O pequeno príncipe”, “o essencial é invisível aos olhos”.
Estes resultados se restringem as virtudes que colhemos através de uma caminho artístico, ou melhor dizendo, uma trilha; das quais o praticante do desenho pode encarar como uma oportunidade de crescer como ser humano.
Vamos começar falando da criatividade, que é a capacidade de gerar ideias novas, concisas e originais, e que é um aspecto fundamental da arte do desenho. Embora as AIs possam gerar desenhos a partir de dados pré-existentes, elas ainda não podem criar algo verdadeiramente original e criativo, pois elas dependem de uma base de conhecimento.
Ainda que a AI seja usada para transmitir emoções através de um desenho, e consequentemente para quem observa, ela faz algo que é único dos seres humanos. Embora as AIs possam gerar imagens que pareçam expressivas, elas ainda não têm a capacidade de converter corretamente em seus desenhos aquilo que a natureza humana vivencia como virtude ou sentimento, pois, ainda que tenha emoção, demanda uma descrição criteriosa dos humanos para conseguir representar um sentimento que seja coerente.
No desenho feito por humanos há uma atividade que envolve tato, a sensação física de tocar o papel e manipular as ferramentas de desenho, uma sensibilidade exclusiva dos seres humanos, pelas quais as AIs não podem experimentar, assim como os demais sentidos, e que podem levar a graus de sensibilidade que nos direcionam para a dor, prazer e um peculiar aprendizado, concomitante aos limites da personalidade de cada um, e que nos colocam em constante ameaça ou crescimento pelo meio em que vivemos; pois, para dominá-los, demanda coragem, disciplina, entre outros valores.
O processo de criação de um desenho envolve a tomada de decisões constantes sobre o que desenhar, como desenhar e quais materiais usar. Embora as AIs possam tomar decisões lógicas com base em algoritmos, elas ainda não têm a capacidade de tomar decisões intuitivas ou criativas que são necessárias para criar uma obra de arte verdadeiramente única, já que muitas soluções de artistas surgem subitamente, como o famoso “insight”, e até mesmo para alterar detalhes de última hora que afetam todo um projeto.
Em resumo, embora as AIs possam ser úteis para gerar desenhos com base em dados pré-existentes, ainda há muitas habilidades e princípios humanos que elas não podem imitar, tão pouco prejudicar os desenhistas, como é o caso do desenho como arte, que serve para desenvolver o praticante como ser humano, através das virtudes.