Uma questão que geralmente ganha um novo interesse quando é abordada por um outro prisma de entendimento, é a perspectiva, principalmente quando tratamos de aprender a desenhar e nos deparamos que precisamos saber nesse contexto o que é perspectiva, o seu significado, e como ela se aplica.
Em princípio algumas pessoas tem como premissa a perspectiva como um modo de se pensar sobre algo; em outros casos é entendida como o ângulo pelo qual observamos uma cena ou objeto.
É interessante que tanto um conceito quanto o outro tem em alguma medida uma relação com a perspectiva aplicada no desenho, mas, para o desenhista ela vai muito além de um simples significado.
Mas afinal, o que é perspectiva?
No contexto do desenho ou pintura, perspectiva é um conjunto de regras de arte preestabelecidas para que possamos utilizar e representar em um plano bidimensional uma imagem especifica, ao emular a forma tridimensional com que a visão humana capta esta última e é decodificada pelo cérebro. Graças a essas regras o artista pode representar figuras com profundidade, volume, dimensão, e, desta maneira, transmitir uma sensação semelhante a outro observador.
Além disso existem diferentes representações de perspectiva para se criar uma imagem, ou seja, diferentes regras para se criar uma imagem em perspectiva, não só usadas no desenho, na pintura, na computação gráfica, etc; pois, dependem cada uma tem uma finalidade específica.
As Ilusões da perspectiva
O fato de imitarmos em um plano bidimensional o modo que o ser humano capta as imagens, por si só já é uma ilusão duas vezes. Isso porque o olho humano, já cria uma série de distorções que o cérebro terá de decodificar, e se queremos emular isso de outra maneira, estamos portanto criando uma segunda. Dentre estas distorções, encontramos:
- redução progressiva no tamanho das imagens que estão mais distantes e aumento nas que estão mais próximas;
- distorção de linhas retas extensas em curvas;
- alteração do ângulo real de uma figura por outro que seja mais aberto ou fechado;
- entre outras alterações.
O cérebro não tem conflito depois que já possui uma experiência, pois estas alterações mencionadas anteriormente são apenas algumas das quais o olho humano cria, tal como inverter as imagens no fundo da retina e tal pessoa saber que na verdade está vendo na posição correta. Mas como nem todas as experiências são desenvolvidas, aquilo que sua mente ainda não teve consciência, pode criar um conflito, como é o caso das ilusões de ótica que se estruturam pela manipulação das regras que geralmente utilizamos em perspectiva.
Tipos de perspectiva
No desenho artístico ou no desenho técnico, existem diferentes tipos de perspectiva que se pode utilizar para se manter ou dar ênfase em determinadas características no desenho. Para explicar melhor, vamos considerar o desenho de um cubo como modelo.
1- Perspectiva axonométrica
A perspectiva axonométrica compreende três tipos de representação: isométrica, dimétrica e trimétrica.
Na perspectiva isométrica as três dimensões são apresentadas com a mesma grandeza ao observador, com seus três eixos mantendo entre si ângulos de 120º, e por isso, dentre as demais, é a perspectiva que apresenta a menor distorção.
Na dimétrica apenas dois eixos apresentam ângulos iguais. Ex.: 130º, 130º e 100º.
Na trimétrica todos os eixos apresentam ângulos diferentes. Ex.: 130º, 120º e 110º.
2- Perspectiva cavaleira
No caso dessa perspectiva, os objetos possuem uma face totalmente de frente para o observador, formada pelos eixos x e z, e como sua largura e altura não apresentam distorções, se mantém com ângulos de 90º; diferente de sua sua profundidade (eixo y) que está numa redução e apresentando ângulos de 45º ou 135º em relação aos dois outros eixos.
3- Perspectiva cônica
Esta perspectiva é a mais utilizada no desenho artístico, pois o modo que representamos as distorções se baseia numa progressiva redução de tamanho conforme a distância de cada elemento que compõe o cenário e ou objeto representado, e considerando também a posição que o observador está vendo a cena. Se um objeto possui uma face mais próxima do observador, esta será maior, e se sua outra parte estiver mais distante, menor ela será. Apesar disso ser metricamente estranho, é uma representação que tende a gerar menor desconforto visual, pois imita a forma que nosso cérebro decodifica o que nossa visão vê.
Na perspectiva cônica o desenhista comumente se utiliza de algumas regras para representar melhor aquilo que ele pretende, tais como:
- uso de um, dois ou três pontos de fuga;
- linha de horizonte;
- ponto de vista;
- entre outros.
Vale destacar que além dessas, existem outras representações em perspectiva. E caso queira ir adiante e se aprofundar no desenho em perspectiva e aprender a desenhar seus próprios personagens, convidamos você a conhecer o curso Desenhar Top, para isso clique aqui.
Mais do que desenhar, perspectiva pode ser uma forma de mostrar diferentes formas de ver, diferentes pontos de vista, diferentes visões sobre uma mesma coisa, e o legal é que todo esse processo de regras já foi trilhado e deixado por artistas que quiseram passar para o papel, aquilo que paulatinamente foi se tornando um método.