Os artistas egípcios realmente não conheciam a perspectiva?

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Existe uma teoria encontrada em muitos livros, sites e revistas, que diz que a civilização egípcia não conhecia a perspectiva, e por isso representavam a figura humana de perfil com algumas partes voltadas para frente, como é o caso dos olhos, ombros e o tórax.

Provavelmente ao observar estas figuras egípcias, você deve não só estranhar as vestimentas (até porque elas fogem do nosso padrão) como também se incomodar com as formas troncudas e as poses humanas, que de certa forma são forçadas (meio duras).

O Egito sempre me fascinou, principalmente pela sua arte diferente, misteriosa, mágica; o que com certeza me instigou a pesquisar mais e mais. Nestas pesquisas e observações, resolvi averiguar mais detalhes sobre esta teoria de que os egípcios não conheciam a perspectiva, o que me fez levantar os seguintes dados sobre o Egito Antigo:

  1. Praticamente todas as representações do Egito Antigo seguem um padrão; as figuras humanas sempre estão de perfil e com os olhos, ombros e o tórax voltados para frente.
  2. Houveram inovações religiosas por parte do faraó Akhenaton, que governou o Egito em 1500 a.C.; assim os artistas romperam com as antigas convenções e aproximaram-se de uma arte realista, com representações de afeto entre os membros da família real.
  3. Antes de Akhenaton existia um princípio a ser seguido pelos artistas e religiosos, a Lei da Frontalidade. Ele regia a pintura egípcia, de modo que a figura humana era representada com os olhos e o tronco voltados para a frente, enquanto os membros e o rosto estavam de perfil. Esta forma de representação possibilitava a visualização de dois pontos de vista simultâneos, passando assim mais informações ao observador. Esta lei se tinha como objetivo valorizar o aspecto que mais caracteriza cada elemento do corpo humano; deste modo, o rosto é mostrado ao máximo, enquanto o olho é mostrado de frente por ser o aspecto mais característico e revelador do rosto. O aspecto realista que mais nos convém, eram para eles transitório.
  4. O Egito Antigo foi uma civilização que tinha tecnologia suficiente para erguer obras colossais, como é o caso da pirâmide de Gizé. Eles eram tão precisos que na base desta grande pirâmide, o maior erro entre o comprimento de cada lado não passa de 0,1% (pouco mais de 2 cm). Se você tomar o perímetro da pirâmide e dividi-lo por duas vezes a sua altura, chegará ao número pi (3,14159…). Resumindo, os caras eram “ninjas”, tudo era feito com muita precisão e conhecimento!
  5. O povo do antigo Egito sempre deixou explícito em seus grandes feitos e obras um caráter mágico e religioso, deste modo muito do que fizeram não se baseava em gostos pessoais; era um culto em adoração aos deuses e ao que eles acreditavam ser mais necessário em suas vidas. Assim os artistas se dedicavam ao que estava por detrás da representação dos símbolos e sua importância, a forma em si não estava atada a gostos pessoais; e por esses e outros motivos que os artistas daquela época não assinavam suas obras.
  6. A arte egípcia era repleta de significados, e por esse motivo os artistas deviam seguir cânones, que não visavam a criatividade individual.
  7. Além da Lei da Frontalidade, existiam outras regras estabelecidas pelos sacerdotes para os artistas, que determinava o lugar de cada personagem sagrado na composição e seus gestos, sejam eles das mãos, dos pés, as dobras das roupas e os símbolos.

 

Conclusão

Antigamente os historiadores julgavam que os egípcios representavam o corpo humano desta forma por falta de habilidade artística (por não conhecerem a perspectiva); porém, com o passar do tempo chegou-se à conclusão de que os artistas conheciam a perspectiva, mas seguiam na verdade os cânones da arte egípcia. Assim como qualquer civilização, a enfase em determinados pontos nem sempre são como as nossas; e por isso, no Egito Antigo, se nota muita preocupação com a arte simbólica, que diferente de nós, se interessavam mais nos princípios representados do que a própria forma realista.

 

3 comentários sobre “Os artistas egípcios realmente não conheciam a perspectiva?

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