Você assim como eu, já deve ter vivenciado diversas oportunidades de contemplar grandiosas obras artísticas; seja em um museu, lugar ou mesmo pela internet e que nos deixasse por alguns instantes maravilhados. Em algumas destas experiências talvez tenha promovido um momento de catarse, da qual nos aflorou alguma emoção ou até mesmo nos fez tomar uma decisão que mudasse o rumo de nossa vida; que naturalmente por outros meios talvez não houvesse sido instigada. Se você pesquisar sobre a carreira de alguns artistas ou desenhistas, verá algo semelhante; vai perceber que o “estopin” que originou a sua insaciável busca pela arte, se deu logo após a contemplação de uma grande obra.
Mais que nos inspirar, grandes artistas nos deixaram as técnicas; e assim lhe digo que mesmo hoje, quando encontramos pinturas ou desenhos fabulosos de artistas da nossa época, temos que considerar que nem tudo aquilo foi resultado da própria experiência do artista. Por mais que avançamos, muito de nossos erros e acertos foram tentativas da aplicação de técnicas de grandes mestres. Quem é desenhista, pintor há bastante tempo, sabe como é necessário buscar boas fontes, ver trabalhos diferentes dos quais nos permitem aprimorar nossa técnica e assim acelerar nosso aprendizado, seja no estudo da perspectiva, das cores, da anatomia, etc. Muita das técnicas que hoje conhecemos e aplicamos, são o resultado de um constante aprimoramento, resultado de um legado; em alguns casos é até uma regressão, mas isso já não culpa dos grandes, senão da inaptidão dos futuros iniciantes.
Quando me refiro em respeitar, lembro apenas do básico, considerar o que os grandes mestres descobriram e aprimoraram em sua época tanto quanto entender o contexto que viveram. Já ouvi muitas vezes as pessoas criticarem as pinturas, as técnicas, ou até mesmo a própria vida dos artistas mais antigos, o que particularmente considero uma grande ignorância. Vejo que se queremos começar a compreendê-los ou no mínimo respeitá-los, precisaríamos entender o contexto da época, a sua forma de viver, a tecnologia naquele tempo, os aspectos geográficos, a transmissão da informação, etc. Mesmo quando vemos algo que nos choca em uma obra, seria mais inteligente e respeitoso pesquisar e se informar adequadamente antes de querer julgar; precisaríamos desenvolver a concórdia em nós para de fato entendê-los.
O que seria de nós desenhistas, se não houvessem descoberto a perspectiva, a teoria das cores, a composição, os detalhes anatômicos das figuras, enfim; ficaria o dia inteiro aqui mencionando o que nossos antecessores da arte aprimoraram e desenvolveram. Quando me refiro em mestres, não falo apenas dos que fizeram belos trabalhos, falo também daqueles que viveram a vida ao máximo através da arte; seja Michelangelo, Leonardo da Vinci e outros que foram longe, mesmo que fossem apenas na arte.