Você está naquela fase em que pretende desenhar o personagem em um ângulo específico, mas parece que o mesmo não tem volume, não fica bem representado em três dimensões? Saiba que não bastará estudar perspectiva se você não tiver um ponto bem resolvido no seu aprendizado.
Às vezes a sua ideia é desenhar um braço, mas ele não tem volume, parece meio amassado. Outras vezes quer desenhar um personagem mais próximo ou mais longe, mas se frusta com o resultado, por não dar a projeção que gostaria. O mais curioso é que alguns conseguem rapidamente aprender a desenhar em perspectiva, enquanto outros, mesmo participando de cursos de desenho, ainda não conseguem um bom resultado. E até em um mesmo curso é notório isso, alunos que acessam a mesma didática e os mesmos livros, apresentam diferenças significativas na representação da perspectiva. O que será que falta então?
Entendendo como tudo começa
Quando desenhamos algo em perspectiva, tentamos representar parte disso conforme a imagem da nossa realidade tridimensional, porém sobre um plano bidimensional, seja esse último uma folha de papel, uma tela de computador, ou mesmo uma parede. Isso porque tentamos emular algo que nossa visão criou e agora queremos compartilhar com outras pessoas a mesma visão, mas que são na verdade distorções da realidade e que felizmente nos dá noção de profundidade, volume, redução, e outros aspectos, interpretados pelo nosso cérebro. O básico para compreender estas distorções, as pessoas tem, e que veio através da própria experiência de vida; mas para melhor compreendê-las e principalmente passá-las para o papel através de uma série de regras para representação visual, a perspectiva, irá exigir não só um conhecimento desta, mas também uma noção espacial, algo que muitas vezes é estimulado na infância, mas que alguns não desenvolveram o suficiente para desenhar tais representações num nível que gostariam.
Na infância essa noção geralmente começa a ser desenvolvida de uma forma bem descompromissada através das atividades que os pais inserem os filhos, tais como: esportes, passatempos, brincadeiras, estudo e outras atividades manuais. Na escola isso é não só desenvolvido como direcionado pelos professores através das atividades escolares; entretanto, como a intensidade que isso é promovido irá variar conforme a realidade e contexto de cada um, teremos jovens com diferentes níveis desta noção espacial, principalmente porque cada um irá desenvolver isso conforme a sua personalidade, que por si só é o motor que busca novos estímulos; mas, o curioso é que tanto a personalidade e cabedal dos pais quanto dos professores, poderão influenciar na qualidade que estas atividades irão influenciar o jovem.
A noção espacial nos permite estimar a distância de objetos; supor padrões de um objeto que por algum motivo se encontram em um ângulo oculto (como um cubo mágico); deduzir formas tridimensionais básicas que compõe um objeto; entre muitas outras coisas.
Vale destacar então que o estudo da perspectiva através de livros ou cursos são fundamentais, mas dependem que você adquira algumas habilidades cognitivas, que precisam ser estimuladas com práticas e atividades específicas. E é delas que vamos falar a seguir.
Como melhorar sua habilidade com a perspectiva
Se você estudou perspectiva e está com dificuldade de aplicar alguns conhecimentos, talvez seja a hora de adicionar algumas atividades e práticas para melhorar a sua percepção espacial e deslanchar na perspectiva; afinal, saber o que usar depende de uma compreensão boa do espaço que está querendo representar, e treinar na prática as suas percepções cognitivas.
Você pode estimular isso de diversas formas. E não pense que é necessário atividades mirabolantes e muito diferentes, basta lembrar de algumas que você promoveu na infância e na escola. Uma delas é a própria atividade de dobrar papel, o origami. Você poderá inclusive encontrar estudos que ressaltam a eficiência da atividade do origami sobre a noção espacial, o desenvolvimento da criatividade e atenção.
Outra que ajuda muito a supor possibilidades e forçar o desenhista a buscar mais informações sobre a figura que está pretendendo desenhar é a escultura, seja usando argila, plastilina, massinha, entre outras; pois lhe instiga a imaginar possibilidades visuais, e até mesmo a observar detalhes que precisa para moldar a figura. Se tiver alguma figura de ação em mãos, fechar os olhos e tentar sentir com a ponta dos dedos cada detalhe, poderá ser ainda outro bom exercício para desenvolver a noção das formas que compõe uma anatomia humana.
Dependendo das possibilidades de cada um, até mesmo atividades comuns como correr, pular, levantar coisas, servem para lhe ajudar a desenvolver esta noção, seja com atividades corriqueiras, lúdicas, com brincadeiras, ou simplesmente por estimular situações que fogem do costume, como é o caso de algumas pessoas que passeiam numa zona rural, eventualmente pratica orientação, ou algo que foge do comum.
Isso nos faz repensar algumas coisas, como, por exemplo, refletir o modo que reprimimos nossas habilidades ao crescer em um contexto que não demandava ou estimulava atividades mais expansivas, enérgicas. O interessante é que muitos desenhistas são pessoas reservadas, menos sociáveis, com hábitos que o conservam fechados por longos períodos dentro da própria casa, uma característica que por si só já explica uma repreensão de atividades que poderiam justamente lhe ajudar a desenvolver novas percepções para o desenho, como é o caso da própria noção espacial. Por isso viver a vida com mais intensidade poderá melhorar suas percepções, fazer o diferente do habitual.
Tudo isso são apenas sugestões, o correto é você buscar a prática e estimular o máximo que puder para melhorar suas percepções, e que inclusive se relacionam com o uso das modalidades do hemisfério direito do cérebro, o grande responsável por nos ajudar a desenhar bem, dado que são essas noções pertencentes a ele.
Cada contexto influencia no modo que cada um aprende, e é por isso que alguns possuem algumas habilidades que outros não tem, como é o caso de pessoas criativas que desde cedo alguém da família ou mesmo próxima, sem saber a importância, promoveu atividades que o levou a ser quem é. Por isso a criação de cada um pode interferir tanto.
Estude perspectiva e estimule as atividades que lhe farão ter uma melhor percepção espacial; assim verá que dentro de você existe uma excelente máquina, capaz de lhe ajudar a desenhar cada vez melhor em perspectiva.
A seguir um vídeo sobre o assunto.