Uma velada desavença entre os próprios desenhistas

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Quem é desenhista há bastante tempo, como certeza já deve ter percebido uma velada desavença entre os desenhistas de diferentes estilos. Os mais novos talvez não tenham percebido isso, principalmente se não frequentaram uma escola de desenho ou mesmo por permanecerem próximos dos colegas que seguem um mesmo estilo de desenho.

É um modo de relacionar com os colegas do mesmo ramo que acaba ficando nas entrelinhas; pois, nem tudo o que um pensa sobre o colega, é dito na frente. Assim o desenhista vive no preconceito, criando uma desavença velada, que ainda que não seja dita, acaba sendo sentida pelo colega que segue o outro estilo.

Para explicar melhor tudo isso, vou comentar a seguir um pouco dos principais estilos e seus estereótipos; além de como cada um pode chegar a pensar e relacionar com os demais. É claro que nem todos são assim, mas você verá que alguns comportamentos são comuns.

 

Desenhistas de retrato

Desenhistas de retrato com certeza recebem inúmeros elogios; afinal, seus desenhos são aqueles que mais se aproximam da aparente realidade, além de reproduzir aquelas pessoas especiais à qual foram baseados. Quem é desenhista sabe que qualquer erro na proporção irá avacalhar com a fisionomia da pessoa desenhada, fazendo assim que seu esforço de horas, renda risos ao invés de elogios. É um desenho difícil de fazer; afinal, o desenhista que o faz acaba sendo um fotógrafo manual, que se cometer certos erros irá receber uma alfinetada de quem os observar.

Os desenhistas de retrato são atacados por outros, por apenas reproduzirem imagens e serem pouco criativos. Muitos dizem que eles mal se especializam na anatomia humana, e que têm pouca flexibilidade para criar. Uns não gostam desta modalidade por acharem limitada, principalmente no que se refere à transmissão de uma mensagem, ou mesmo de expressar e desenvolver a criatividade. Outros dizem que quando eles se aventuram em outros estilos, acabam que fazendo desenhos muito rígidos e sem expressividade.

 

Mangakás

Seus desenhos tendem a transmitir expressividade e jovialidade nos personagens (seja na aparência e no perfil), além de muita das vezes serem simpáticos, bem vestidos e coloridos. Geralmente os Mangakás são grandes fãs da cultura japonesa (otakus), podendo assim seguir certos hábitos de lá.

Às vezes são atacados por outros desenhistas no que se refere ao modo de ser e no que costumam desenhar; assim, o desenhista que está acostumado com o lado mais realista do desenho, poderá achar os desenhos dos mangakás distorcidos, desproporcionais (principalmente pelo tamanho da cabeça e olhos dos personagens), além de cutucá-los pelos gostos pessoais (por ouvir músicas japonesas, colecionar chibis, etc). Muitos os intitulam como os “Virjões”, já que alguns são fãs extremos, daqueles que falam no assunto quase que o dia todo; podendo até incorporar o personagem, seja no modo de falar, de agir, ainda que isso assuma um perfil que destoe da sua real idade e serem julgados como crianças.

 

Cartunistas

Fazem desenhos expressivos, criativos e divertidos, seja para entreter ou criticar de uma maneira bem divertida e mágica. Cartunistas podem ainda ser bem críticos em relação à sociedade, além é claro de inserir suas opiniões sobre o mundo e como ele poderia ser através das charges e desenhos animados.

Alguns desenhistas não gostam de seus trabalhos por acharem a crítica pesada demais (principalmente na caricatura), outros por não gostarem de personagens infantis e acharem esse estilo como coisa de criança (principalmente dos que trabalham com um traço mais infantil). Alguns não compreendem a forma que os cartunistas vêm o mundo, achando ainda que seus trabalhos não sejam importantes e julgando-os como fúteis.

 

Arquitetos e desenhistas técnicos

São bem atentos na elaboração de uma peça funcional, estética, otimizada e de fácil interpretação. Pensam no bem estar de quem irá relacionar com suas criações e no modo que irão utilizá-las. É um ramo com bastante procura.

Por ser um ramo promissor, muitos desenhistas que não estão neste caminho acabam encarando-os com olhar de desdém (ou inveja). Uns consideram suas técnicas limitadas por utilizarem materiais muito básicos e apelativos, como compassos, réguas; ou apelativos quando utilizam o computador.

 

Designers ou ilustradores gráficos

São os responsáveis por dar um toque artístico no que se refere à arte digital, seja em ilustrações publicitárias ou editoriais. O computador se torna uma ferramenta poderosa na mão dos mais habilidosos, o que lhes permitem criar artes deslumbrantes e limpas.

Esses com certeza são alvos dos desenhistas que utilizam materiais comuns de desenho, sendo assim vistos como os “apelões”, afinal, um grupo de desenhistas consideram a arte digital apelativa e de fácil execução, achando assim que o resultado seja imenso e com pouco esforço do operante.

 

Eu vejo essa desavença como puro preconceito, mas que faz parte da nossa empreitada como desenhistas; afinal, não somos perfeitos. Acho que cada um de nós que guardamos estes preconceitos, precisamos ir aos poucos nos lapidando e assim largar de certas manias bobas que mais nos afastam do que realmente agregam. Cada um pode aprender com o outros, elementos que ainda nos faltam, principalmente aqueles que criticamos e que são importantes para nós. De qualquer modo, uma coisa é certa, tem certas coisas que os demais comentam de nós e que são verdade, o que indica que nós desenhistas precisamos ficar antenados para não fugirmos totalmente da realidade. Há que observar quando estamos errando ou quando estamos com críticas sem fundamento.

Por hoje é só pessoal, até mais!

 

6 comentários sobre “Uma velada desavença entre os próprios desenhistas

  1. Verdade Mateus, no meu caso, eu desenho mais mangá, mas eu acho lindo quem desenha retrato, admiro quem faz designer gráfico e acho muito Kawaii (XD), muito lindo o Cartoon, eu não tenho preconceito, mas já ví muito por aí!

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